28.11.08

Branca de Neve e os 7 anões





Ao contrário do conto, já contava que estivessem sete no quarto. São anões, são pequenos. Não os ouve porque falam baixo, nem os vê porque não estão no seu campo de visão mais preguiçoso. E são pequenos outra vez, não chegam às coisas e já nao apetece ajudá-los, pelo menos não mais. Mas o local é bonito, é exterior a ela, alheio à casa. Não percebe se ele é amigável ou hostil. Se é sujo ou só desarrumado. Se barulhento ou apenas está vivo.


Isto é Nápoles.


Golfo amontoado de casa, lixo e cães de rua.


Paisagem cronológica, com camadas de adaptação. Liderada pelo Vesúvio, enfeitada por Capri. È prosaica, mas pouco humilde, pavoneia se na sua grelha de vielas demasiado estreitas, com demasiados estendais e janelas em demasia também. Esquinas de mafiosos. Motas com mulheres mal maquilhadas e brilhantes. Muita gente, muito diferente, muitas histórias. Cliché, mas bem suado nesta cidade. Carros atropelam se e abafam as pandeiretas das famílais ciganas que cantam, tocam e sorriem, todo o dia, à espera. As lojas são do dono, não do cliente, não importa a venda. Fecham se no negócio: presépios, brinquedos ancestrais, instrumentos de música. Cedo é escuro e também cedo nos é desenvendada a riqueza e o perigo. Italianos barrigudos, os dos filmes, com o gorro amarrotado, pousado na cabeça. Sorriem, um sorriso pouco benvindo, mas pouco inimigo também. Os imigrantes dão passadas maiores quando faz noite. E as avós gordas calam os putos e botam nos para dormir. Mas da fachada de elmo, o campo de visão preguiçoso, maior e mais acima, são apenas anões.



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