28.11.08

manhãs frias

Há algum tempo que nao escrevo um post. os textos cessaram porque findou também a histeria inicial de viver num novo cenário, com novos movimentos, novas pessoas, novas paisagens, encantadoramente tentadoras.Com o passar do tempo apercebi me como algumas pessoas recorrem à fuga para se encontrarem e outras perdem-se quando longe do refúgio.
Em roma, o ritmo frenético dos 6 milhões de pessoas tornam a cidade quente e abafadora, mesmo quando chove, não há espaço para os aromas lusos tão familiares: o perfume queimado das lareiras nos primeiro dias de novembro, e o orvalho telúrico das chuvas, tão típico.Antes de regressar ao meu país, tudo em itália me parecia negativo, cada caminhada, passeio, refeição ou programa merecia um olhar depreciativo da minha parte. amei platonicamente Portugal durante 2 meses.Agora que aqui estou, o amor é genuíno, porque vivo os pormenores da minha terra natal com calma.Tenho saudade de roma, talvez tenha saudade de mim em roma, como também sentia falta da inês que sou em no Porto.Se calhar em roma, descobri qual o melhor de mim no Porto, como agora que aqui estou foi me apresentado o melhor de mim em Itália.Desafiante é conjugar as duas faces desta descoberta. não quero voltar para Itália, mas também não quero sair de lá.A diana tem razão, roma tem segredos, o Porto não tem, porque no Porto as coisa boas são explícitas. em roma guardamos só para nós os detalhes da cidade que nos fazem aguentar a distância, que fecundam a nossa introspecção, o diálogo intrapessoal que não temos no Porto, porque já o damos como garantido, é demasiado nosso.
Os meus segredos são simples.
Os cafés da Amália. irónico, buscar a protecção de uma personagem tão prosaica, como uma empregada de café, que coincidentemente possui um denominador comum com Portugal, o nome.

Os floristas abertos toda a noite, nas avenidas escuras dos arredores romanos, iluminam as esquinas com girassõis, rosas e orquídeas, para presentear amantes nas madrugadas.

A linha do 87, que apelidamos carinhosamente do autocarro turístico, que me acaricia pela manhã com as melhores visões de roma

Os gelados, são quase como a realização dum desejo infantil, sabores que, secretamente, sempre esperamos que existissem, e afinal existem mesmoimprevisibilidade da cidade, quando já pensamos que vimos tudo o que de importante há para ver, presunção nossa, ela mostra nos uma paisagem nova, quase sorrateira, de tao descontextualizada, mas que arranca um sorriso de conforto

Por fim, os testes a nós mesmos, não é uma característica directa de roma, mas que desencadeia acontecimentos só possíveis lá.

desvendem os vossos segredos

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