epitáfio aka ode à vida
por Ines Andrade
"epitáfio aka ode à vida": nao encontro conceitos que se enquadrem melhor neste cenário que pintaste em correria por mim. Por mim porque sei que o sentiste, como sentirias se eu aí estivesse, a pintar os olhos debaixo da luz fraca da tua casa de banho como quando eramos crianças. O'neill verbalizou os meus medos..defendo me da morte, mas se, ou quando ela chegar, so tu terás o dom da palavra para a despedida.
Aprender é descobrir o que já sabias. E descobri em Assisi uma paz que pensei pertencer só a mim (que egoísmo eu sei) mas aprendi que a fé existe e que nao precisa de tapete de entrada. Aprendi que a minha mãe tem razao, sou uma rapariga da cidade, cuja obstinação so me defende das coisas erradas, mas encontrei em Assisi a verdade. Na cidade nao me sinto capaz de escrever um livro. Em Assisi sei que vou escrever um livro.
Nao aprendi a (des)esperar, ja quero escrever um livro sem ter plantado a àrvore e feito o filho..Desculpa, mas quando escrevo estou no meu campo de batalha, daquela que falas que travamos? Bom, domino quando escrevo, e nao estar aí, onde o ar é despretensioso, fez me perder esse controlo. E se eu nao souber escrever mais? Se nao souber desafiar mais a lingua que sempre foi minha? Até ela vai mudar, mariana, até a nossa lingua vai abandonar as minhas mãos e eu nao vou poder contar pelos dedos os pormenores, as acções e as pessoas que me pertencem.
Nao sei plantar uma árvore, preciso mesmo que me ensines, sim? O filho é mesmo a verdadeira criação, surpreende-te, ama te e mata te. Um livro não, o livro é branco, mari, e tu dás lhe ordens, guardas, riscas, rasgas, desistes, retomas. Um filho não admite prefácios e o único "marcador" que algum dia terás serão desenhos de primária.
Mas voltemos à infancia que nao tivemos...
Dorothy, bate três vezes com os calcanhares para eu voltar para casa....
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